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O pastor Antônio Monteiro está em prisão por quase quinhentos dias sem ir a julgamento. Ele se encontra na Prisão Civil de Lomé, no Togo. [imagens de cortesia da família Monteiro] |
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Antônio e Madalena se casaram em 1984, um ano depois que ele foi ordenado como pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Cabo Verde. |
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Antônio e Madalena são pais de quatro filhos. |
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Antônio Monteiro com o filho caçula Alessandro num passeio em carrinhos que se chocam, num festival em Lomé, por volta de 2010. |
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[Imagem de Amber Sarno] |
Jul 18, 2013
Silver Spring, Maryland, United States
ANN staff
O pastor Antônio Monteiro está em prisão por mais de um ano, acusado de um crime que os dirigentes de sua Igreja dizem que ele não cometeu.
Monteiro, diretor de Ministérios da Família da União Missão do Sahel da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com sede em Lomé (Togo), estava em seu escritório um dia, quando um homem chegou pedindo-lhe trabalho e algum dinheiro. Aquele homem, Kpatcha Simliya, mais tarde acusou Monteiro de ser autor intelectual de uma rede de tráfico de sangue para uso em cerimônias religiosas. Mais de uma dúzia de mulheres jovens haviam sido encontradas mortas pouco antes nos subúrbios, e as pessoas clamavam por justiça.
Embora não haja qualquer evidência de seu envolvimento, Monteiro foi preso em 15 de março de 2012, e até hoje o caso não foi a julgamento. Cinco tentativas de apelação por parte de seu advogado, da Igreja Adventista a nível mundial e vários diplomatas estrangeiros até agora não produziram a sua libertação. Autoridades do governo fizeram promessas aos líderes da Igreja e aos advogados, mas o pastor ainda continua na prisão.
No ano passado, Faure Gnassingbé, presidente de Togo, recusou-se a receber o presidente mundial da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson, quando realizava uma visita pastoral ao país.
Para os líderes da Igreja e outros que estão acompanhando o caso Monteiro, muitos acreditam que esta história envolve outros elementos. Será que alguém precisava de um bode expiatório? Será que os juízes de Lomé realmente têm a última palavra, ou será que as ordens do governo deles ditam as decisões a tomar?
De fato, numa declaração por escrito obtida pela RAN [Rede Adventista de Notícias], Monteiro disse que o dia em que foi indiciado, o juiz lhe disse várias vezes na frente de seu advogado: “Pastor, eu sei que é inocente Seu registro criminal é nulo. Mas eu não lhe posso libertar porque isso não depende de mim”. Monteiro não poderia deixar de se perguntar: “Mas depende de quem?”
Agora, com mais de 16 meses depois, novos detalhes estão emergindo sobre o caso, que tem deixado confusos tanto os advogados, quanto os diplomatas e oficiais da Igreja sobre que medidas devem ser tomadas para garantir a libertação de Monteiro da parte de um governo que está violando sua própria constituição ao mantê-lo preso sem qualquer base legal.
De acordo com a polícia, seu acusador, Simliya, já havia admitido ter assassinado mulheres jovens para usar o seu sangue ao enganar as moças levando-as para locais desertos com promessas inacreditáveis. Simliya também cumprira uma sentença de prisão após ser condenado por estupro, além de ter um histórico de instabilidade mental.
Enquanto isso, uma batida policial na casa de Monteiro e em seu escritório não encontrou nenhuma pista que o envolvesse.
Quando Monteiro foi posto na prisão, jornais proclamaram que tinha sido apanhado o verdadeiro criminoso. Alguns publicaram sua fotografia, junto a imagens de frascos de sangue.
“O Pastor Monteiro é inocente, ponto final”, disse John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista a nível mundial. “A acusação ultrajante contra Monteiro é que ele, um pastor adventista, conspirou para que essas mulheres fossem mortas de modo a que diferentes partes de seus corpos pudessem ser usadas como parte de uma cerimônia religiosa. É uma acusação absolutamente incrível e bizarra, uma completa caricatura de justiça, que não deve ser tolerada em qualquer sociedade regida pela lei”, disse Graz
Os líderes da Igreja continuaram trabalhando tanto publicamente quanto nos bastidores para conseguir que Monteiro fosse libertado. A Igreja Adventista tem realizado mundialmente vigílias de oração por Monteiro e patrocinado campanhas de redação de cartas destinadas a funcionários do governo e diplomatas, e está na vanguarda de uma mobilização que busca assinaturas para um abaixo-assinado pedindo sua libertação. Apesar de tudo isso, Monteiro está ainda na prisão.
Em 27 de julho completaram-se 500 dias desde sua prisão.