8º Dia - 20/02 - Tema: Uma entrega obediente
Texto para meditação;
GRAÇA PARA TODOS
[Jesus] deixou a Judeia, retirando-Se outra vez para a
Galileia. E era-Lhe necessário atravessar a província de Samaria. João
4:3, 4
Nicodemos e a mulher samaritana são personagens exclusivos do quarto
evangelho. Os dois apresentam um quadro de extraordinário contraste. Ele
é um líder da austera teologia farisaica, o melhor da moralidade da
época, membro da sofisticada elite. O encontro com Cristo acontece de
noite, com entrevista marcada. Jesus confronta Nicodemos com uma
demanda: "É necessário nascer de novo" (ver Jo 3:3). A samaritana, por
outro lado, é uma religiosa quase completamente ignorante, adúltera,
marginalizada dentro do sistema social e religioso dos judeus.
Encontra-se com Cristo de dia. Ela não suspeita de nada. Toma o Filho de
Deus por um judeu comum. Jesus a confronta com uma oferta: "Aquele,
porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede" (Jo 4:14).
Inicialmente, temos a impressão de estar lendo histórias sobre
Nicodemos e a samaritana anônima. Contudo, essas narrativas são
essencialmente sobre Jesus e o amor de Deus revelado nEle. Os extremos
humanos estão aqui representados, assim como está representada a grande
oferta de Deus, que se estende a todos. Os personagens humanos são
nossos representantes. Neles, fica claro que a graça de Deus é para
todos. Ninguém é excluído. Aqui o ministério de Jesus repreende a
justiça própria de Nicodemos, bem como a indulgente promiscuidade da
samaritana. Mas o que vemos, afinal, é o triunfo da graça divina.
Na conversa com a mulher, junto ao poço de Sicar, Jesus rompe com dois
costumes do comportamento judaico. Primeiramente, os homens não
conversavam em público com as mulheres. Em segundo lugar, os judeus
rejeitavam qualquer contato com samaritanos (Jo 4:9). Os samaritanos
eram judeus híbridos, considerados "vermes imundos" pelo judaísmo. Essa
era uma hostilidade que se arrastava por séculos de história.
Cristo Se elevou acima de tabus, preconceitos e mentalidade de gueto
para alcançar essa criatura falida. Jesus era mestre em encontrar ouro
na lama. Quando ela hesita em Lhe conceder o insignificante favor de um
gole de água, dever sagrado entre os orientais, Ele desarma o
preconceito dela. Desconsiderando a recusa, faz-lhe uma oferta
fascinante. No início da narrativa, é ela quem tem a água, e Jesus a
sede. No fim, a mesa se inverte: Ele tem a água, e ela a sede. Esse
sempre é o desfecho de nosso encontro com Deus. Nossa falência pode
passar por inesperada mudança de rota.
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